Museu de Arte do Rio é inaugurado

Palacete de 1916 e prédio modernista são unidos por uma cobertura que simula a ondulação das águas. Equipe técnica criou fôrmas em EPS para obter o formato fluido da laje.
Gustavo Jazra

Foi inaugurada nesta sexta-feira (1) a primeira obra do plano de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. O Museu de Arte do Rio (MAR), requalificado pelos arquitetos do escritório Bernardes & Jacobsen, está instalado no Palacete Dom João VI - construído em 1916 e tombado no ano 2000 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural - , e no prédio de estilo modernista ao lado, onde funcionavam o Hospital da Polícia Civil e o terminal rodoviário Mariano Procópio.

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De acordo com os arquitetos Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes, o maior desafio foi unir construções de características distintas que já existiam. "Para cada construção analisamos diferentes níveis de tombamento e preservação", afirmam.
Em função dos pés-direitos altos e da planta de estrutura livre, foi estabelecido que o Palacete Dom João VI abrigaria as salas de exposição do museu. O prédio ao lado, de estilo modernista, vai abrigar a Escola do Olhar, ambiente destinado à formação de educadores da rede pública de ensino.
O edifício possui auditório, salas de exposição multimídia e áreas para administração e funcionários. Os pilotis, antes usados como acesso para a rodoviária, funcionam hoje como grande foyer, onde são conservadas algumas esculturas. Já as antigas marquises da rodoviária devem receber os serviços do museu.
Uma praça suspensa foi criada sobre o antigo edifício que pertencia à Polícia. Além de acessos, o edifício ainda abriga um bar e área para eventos culturais e de lazer. A intervenção implica ainda na forma como o fluxo das visitações vai acontecer: de cima para baixo.
Cobertura fluida
A intersecção entre os dois prédios é feita por meio de duas passarelas translúcidas, cobertas, e uma cobertura suspensa, que é marca do projeto. A estrutura fluida e leve da cobertura simula a ondulação da superfície da água. Com curvas desenhadas de maneira aleatória - e desníveis de até 1,5 m - a estrutura em concreto armado tem 66 m de comprimento e 25 m de largura, com espessura média de 15 centímetros.
Apoiada em 37 pilares, a laje feita em concreto pintado de branco representou um grande desafio à equipe técnica, já que fôrmas de madeira inviabilizariam sua execução. "Uma de nossas maiores dificuldades era obter uma fôrma que permitisse o formato almejado", explica a engenheira Carla Pinheiro, supervisora das obras do MAR.
A equipe técnica, então, criou um sistema de moldes em EPS capaz de suportar cargas de até 1 ton/m², suficiente para a execução segura da laje. Um protótipo de 15 m² foi desenvolvido para a realização de testes e verificação da funcionalidade do material.
Ao custo de R$ 25 mil, a "plotagem monstruosa", como menciona a supervisora da obra, foi dividida em peças e transportada até o topo do edifício através de gruas. Foram 13 horas de concretagem contínua, tempo no qual 44 caminhões betoneira descarregaram 330 m³ de concreto a partir da parte central do molde.
Apenas oito dos 37 pilares da cobertura ficam sobre o palacete, que é o prédio destinado a exposições. Segundo a engenheira, a estrutura frágil do edifício exigiu reforço e contou com a implantação de estrutura metálica interna e estacas raiz para a sustentação da cobertura. Já no prédio da Escola do Olhar, pelo qual a cobertura se estende por uma área maior, a cobertura se apoia direto nos pilares.
A iluminação da cobertura foi projetada de baixo para cima, a partir do piso. "Reforçando a ideia de movimento e fluidez sugerida pelos arquitetos", afirma Carlos Fortes, que em colaboração com Gilberto Franco, assinou o lighting design do prédio.
A obra é resultado de uma parceria entre a Prefeitura e a Fundação Roberto Marinho. A construção ficou a cargo da Engineering. Com mais de um ano de atraso, o museu, que estava previsto para ser entregue no início de 2012 com orçamento estimado em R$ 43 milhões, foi inaugurado com acréscimo de R$ 33 milhões, fechando o custo em R$ 76 milhões. "A cobertura atrapalhou muito o andamento da obra por causa do escoramento, que prendia todas as fachadas", finaliza a engenheira Carla Pinheiro.
Informações técnicas sobre a cobertura:
Data da concretagem: 05/05/2012
Dimensões: 25 m x 66 m
Área: 1.650m2
Quantidade de Aço: 70 t
Peso: 800 t
Fôrma: EPS de alta densidade
Concreto: 320 m3  (40 caminhões)
Duração da Concretagem: 13 horas

Equipe técnica envolvida na concretagem da cobertura:
Consultores: dois consultores de concreto, dois projetistas de estruturas;
Equipe de fiscalização FRM: três arquitetas
Equipe de fiscalização Engineering: quatro engenheiros, um técnico de edificações, um técnico de segurança do trabalho e um técnico de instalações;
Construtora Concrejato: seis engenheiros e 70 operários

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